sexta-feira, 17 de maio de 2013

Tu és a terra em que pouso. 
Macia, suave, terna, e dura 
o quanto baste a que teus braços como tuas pernas 
tenham de amor a força que me abraça. 


És também pedra qual a terra às vezes contra
que nas arestas me lacero e firo, 
mas de musgo coberta 
refrescando as próprias chagas de existir contigo.


E sombra de árvores, e flores e frutos, 
rendidos a meu gosto e meu sabor. 
E uma água cristalina e murmurante 
que me segreda só de amor no mundo. 


És a terra em que pouso. 
Terra humana em que me pouso inteiro e para sempre.



 (Jorge de Sena, in A Arte de Jorge de Sena. Uma Antologia. Org.: Jorge Fazenda Lourenço)

Sem comentários:

Enviar um comentário